Lula e Berlusconi, um Chefe de Estado e um quaquaraquà.
por andrea em quinta-feira, 26 de agosto de 2010 às 22:50
No livro “O dia da coruja” de Leonardo Sciascia, o chefe mafioso explica ao capitão da PM a própria classificação da humanidade: “….a humanidade, e nos enchemos a boca em dizer humanidade, bela palavra que parece uma ventania, eu a subdivido em cincos categorias: os homens, os homens pela metade, os homenzinhos, os (com todo o respeito) que o tomam no cú e os quaquaraquà… Pouquissimos os homens; os homens pela metade, poucos, já que ficaria contente até que a humanidade fosse de homens pela metade… E pelo contrário não, desce ainda mais em baixo, aos homenzinhos: que são como as crianças, as quais se acham adultos, macacos que se comportam como os adultos…. E ainda mais em baixo: os que o tomam no cú, aqueles estão virando um exército… E finalmente os quaquaraquà: que deveriam viver como os patos nos alagados, porque a vida deles não tem mais sentido e mais expressividade da vida dos patos…”
Não encontramos outra palavra que quaquaraquà para definir o primeiro ministro italiano, Berlusconi, o qual até na sua rapidíssima visita ao Brasil, encontrou o modo de ridiculizar a Itália, convidando na suite do hotel no qual era hospedado em São Paulo 7 dançarinas de lap dance. Carta Capital na sua edição de 21 de julho, afirma que quem contratou as alegres senhorinhas é um tal de Valter Lavitola, dono da Empresa Pesqueira de Barra de São João Ltda, nomeado pelo chefe do governo representante da Presidência do Conselho pelo Panamá e pelo Brasil. Berlusconi nestes dias, depois de meses de ásperas polémicas, expulsou do Partido da Liberdade Gianfranco Fini, fundador junto com ele do partido; e o convidou a pedir demissão da presidência da Câmara dos Deputados; a acusação é de não concordar com ele e de oferecer espaços à oposição. Fini não só não deixou o cargo, mas fundou uma nova bancada seja na Câmera que no Senado, “ Futuro e Liberdade para Itália”; o novo grupo voterá com o governo quando este ficará fiel ao programa eleitoral, mas se oporá nas questões do respeito da legalidade e da liberdade de imprensa. Vale lembrar que nos últimos 18 meses o trabalho do parlamento foi paralizado pela vontade da situação de limitar o direito de crônica e de livrar o chefe de governo dos processos judiciais. O governo não tem mais a maioria parlamentar na Câmara e é provável que Berlusconi tente antecipar as eleições já em outono para evitar de ser cozinhado em fogo lento. De todo modo o Presidente da República, Giorgio Napolitano, tem o dever de confirmar se existe no parlamento a possibilidade de não encurtar a legislatura e poderia também tentar a via de um governo de emergência, se achasse que novas eleições poderiam criar perigos para o país; a mesma coisa aconteceu no inicio da decada de 90 com o governo Ciampi. Aquela que se chamou de segunda república acabou e as forças de centro esquerda tem que indicar para a população as próprias propostas istitucionais, de política econômica, de valorização do trabalho, de pacto federativo entre o norte e o sud. O centro do quadro político, representado pela União de Centro do Casini e da nova formação de Gianfranco Fini, pode atrair cabos eleitorais, sobretudo nas regiões meridionais, e se confirma como uma presença não eliminavel da cena política. No Brasil estamos em plena campanha eleitoral para eleger presidente, governatores, deputados federais e estaduais, dois terços dos senadores. As pesquisas, a poucos dias do início da campanha na televisão, dão os dois principais candidatos – Dilma Roussef, do Partido dos Trabalhadores, e José Serra do Partido Social Democrata Brasileiro- de fato empatados. O dado significativo é que Serra tem uma tendência de queda em comparação as pesquisas anteriores ao início efetivo da campanha, em quanto a candidata do presidente Lula está crescendo. Alem disso no Rio de Janeiro e em Minas Gerais – que são, com Sâo Paulo, dois dos três colégios decisivos para a eleição- os candidatos a governador que apoiam Dilma Roussef estão largamente na diantera, e podem ser eleitos no primeiro turno. Quem quer que seja que ganhe a eleição presidencial – e os leitores da nossa revista sabem que quem assina o editorial apoia Dilma Roussef, como no passado apoiou o presidente Lula-, o Brasil continuará em frente na superação das enormes desigualdades sociais que ainda assolam o país. E nenhum dos dois candidatos apoiaria –se votasse na Itália- o quaquaraquà Berlusconi.
3 Comentários
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Eu me chamo Salvador Scalia e gostaria de dizer o seguinte:
Excelente o comentário do Gilberto. Compartilho.
25 de outubro de 2010 as 0:50 | -
Eu me chamo Gilberto e gostaria de dizer o seguinte:
Um quaquaraqua para mim seria alguém bobo, mas inofensivo. SB pode parecer bobo e ridículo, mas é muito perigoso. Ele, como qualquer ditador, sabe dizer as coisas que o povo quer ouvir, e conhece a mentalidade do italiano médio, que representa a maioria dos italianos, e joga para essa plateia, mas na verdade o que ele faz beneficia tão somente as suas coisas, os seus negócios, a sua família (menos Veronica Lario). Giorgio Gaber dizia que “não me preocupa Berlusconi em si, mas Berlusconi EM MIM”. Frase curta, mas de grande sabedoria e intuição, porque mesmo que Berlusconi desaparecesse de um momento para outro, isso não mudaria essa massa medíocre que acha o máximo um idoso ridículo que faz programa com pós-adolescentes. Sou muito pessimista em relação ao futuro da Itália, porque mesmo na oposição não existem figuras de estadistas, mas ególatras que vivem se beliscando por uma merreca de poder. Veltroni, Dalema, Bersani, Franceschini, Letta (o sobrinho) só buscam seu meio metro quadrado de poder. E la nave va… rumo ao iceberg!
24 de setembro de 2010 as 3:31 | -
Eu me chamo Cesidio Di Martino e gostaria de dizer o seguinte:
Chi bacia le mani al dittatore libico e si diverte con “garotas” a pagamento oltre ad essere quaquaraquà è un “gagá”!!!
6 de setembro de 2010 as 13:38 |